Conversa Com Uma Amiga
O mundo não precisa da nossa vaidade
Precisa da nossa sabedoria
Um exercício eterno de despir o ego e aprender, aprender, aprender
…
A Garota Estranha da Turma
Antes de ter qualquer familiaridade com a yoga, ouvi diversas vezes que um dos segredos da prática, além do ritmo da respiração, é o fluxo de pensamento. Devemos não pensar em nada, simplesmente fazer as posturas até onde for possível e deixar o corpo derreter no tapete.
Foi então que um dia desses eu comprovei a teoria na prática, porque se eu tivesse ido de encontro aos meus pensamentos teria abandonado a aula na segunda posição, estava me sentindo a garota estranha da turma, sentimento já recorrente de outros tempos.
No ballet ou na educação física, atividades que eu desempenhava sem muito entusiasmo, era frequente o desencontro, enquanto o pessoal se movimentava para o lado direito eu virava pro esquerdo, enquanto todos se concentravam na aula atentamente, eu me concentrava nos mistérios dos planetas, enquanto a classe saltava em pontas suavemente, eu saltava e caía no chão feito uma carambola madura.
No tal dia da comprovação da aula de yoga não foi diferente, a professora disse para fazermos a saudação ao sol – posição clássica de toda aula – e foi como se eu jamais tivesse ouvido aquele nome, não fazia idéia do que se tratava, meu pensamento estava resolvendo questões na lua e meu corpo por sua vez indicava um desconhecimento absoluto do movimento.
Eu estava conseguindo ser a garota estranha da minha própria aula particular de yoga.
Um feito e tanto.
(Imagem Phoebe Waller Bridge via)
Agora Não é Tarde
Você tem o que você precisa
A escuridão te rasga a carne
Alfineta os nervos
Força a respiração
Perecer não é uma opção
Porque os dados já foram lançados
Avançar um passo pra frente e dois pra trás
Num descompasso contínuo
É o que diz o jogo
Até que você não tenha mais
Você tinha tudo o que precisava
O Auto Retrato – Iluminado e Contrastado – de Inès Longevial
Impressionada e impactada, essa foi a minha reação quando bati o olho na arte e na pessoa. A francesa Inês Longevial é o espelho, a criatura, a inspiração para a sua própria criação. A forma como ela trabalha o contraste da luz e sombra e a escolha das cores é exatamente Ela.
Soa óbvio mas pra mim isso é incrível, sobretudo quando temos convicções de criar algo para agradar os outros.
Se eu fosse capaz de pintar o meu auto retrato iria focar na minha boca, pintar milhares delas, a minha boca é tão minha que eu teria orgulho em desenhá-la com pincel e tinta.
(via)
A Paz Tão Minha
Por tudo e tão somente pelo que sou
Por tudo e tão somente pelo que eu sinto
Por tudo e tão somente pelo que eu posso
Ser de mim algo subtraído
O tranco alinhavado do reencontro
Tudo o que eu posso ainda
Sobretudo apossar-me
O meu ser
O meu sentir
A minha
Tão somente minha
Paz
Carel Paris e seu Modelo Clássico com Muito Borogodó
Há 4 meses estou calçando os mesmos sapatos, ou melhor, sandálias, ou seria chinelos, não sei. Só sei que a minha falta de desejo de variar se deve à minha enorme crise de identidade, talvez por conta da pandemia, talvez devido à tantas mudanças ao mesmo tempo, não sei também.
Só sei que quando me deparei com a Carel Paris eu senti um desejo imediato de calçar esse sapatinho vermelho exatamente assim, com uma calça jeans e uma t-shirt branca, livre de qualquer crise, e bater perna por aí, no centro de uma cidade ou numa trilha no meio do mato.
Nunca se sabe.
O que mais me chamou a atenção foi a modelagem estendida dos sapatos, deixando a ingenuidade tradicional dos modelos “boneca” de lado e trazendo um frescor very cool, não acham?
(via)
Quanto Tempo
Matou a prioridade
Culpou o tempo
Uma hora ela aprende
Mais tempo não é preciso
É preciso dar sentido
Antes que o tempo
Falido
Seja apenas uma lembrança